quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Há que se rever
velhos conceitos,
há que se dizer verdades,
que ser verdadeiro.

Há que se engolir o nó da garganta
Que se rir quando se quer chorar
que se sorrir, velando lágrimas que insistem
em rolar por uma face engessada pelos dias de constante sofrimento.

De cotidiano de morte e renascimento,
dessa vida de arte
vivida a cada gota
expremida do ar.

31/07/2009

sábado, 2 de agosto de 2008

Helena


Sentiu percorrer umas mãos por seu pescoço,

Atônita ficou.

Um respiro prendeu.

O coração a disparar a surpreendeu,

Suas mãos nas mãos dele entrelaçadas ficaram.

O tempo esticou, ralentou,

Um tremor conjunto chegou,

Um medo latente se instaurou,

Uma dúvida pairou.

Um quê de mistério naquilo tudo a intrigou.

Decidiu!

Se entregou.

A voz sumiu,

Os olhos não abriu,

Um cheiro sentiu,

A pele arrepiou,

Um som ouviu...

Então, os olhos abriu e acordou.

Foi até a pia do banheiro,

Os olhos lavou.

Bebeu água, se acalmou.

Olhou-se num espelho...

- Algo Mudou! Quem sou eu? Perguntou.

Um eco surdo dentro do peito reverberou... Eu, Eu, Euuu.

E nenhuma resposta do espelho retirou.

Penteou os cabelos, amarrou uma fita e para a cama voltou.

Não entendia o que havia acontecido,

Colou seu ouvido na porta, mas nada escutou.

Decidiu escrever em seu diário,

mas tinta da caneta não tirou.

Abriu a janela, olhou para a rua,

mas ali ninguém passou.

A noite estava abafada com a lua afogada em núvens e nenhuma estrela no céu fitou.

Por um momento em sonho ficou

E para acordar se beliscou.

- Ai!

A pele avermelhou.

Andou pelo quartinho e a madeira do assoalho rangiu.

Se assustou!

As paredes manchadas de mofo tocou,

Só elas sabiam a verdade e isso a assombrou.

- As Paredes não falam! Pensou.

Olhou para o teto.

- Droga, a lâmpada queimou!

Foi até a escrivaninha e um malote de cartas pegou.

E com lágrimas nos olhos, uma a uma as rasgou.

Eram cartas que escreveu, mas nunca as enviou.

Voltou ao banheiro e do armarinho um vidro de remédios tirou.

Um a Um os vinte comprimidos tomou.

Na vitrola um disco botou;

- Para o céu, ela disse, eu vou!

E pro mundo gritou:

- É lá que está aquele que meus pensamentos violou!

E na janela subiu e dali,

Pulou!


Cláu - 18/07/2008

sábado, 12 de julho de 2008

Intimidade e Liberdade

Algo me sufoca
Sufoca de excitação
sufoca à margem da loucura

O pensar se dividiu
há solidão dentro desse prazer!
Há culpa por sentir-se querida, desejada, mas
Há os toques doces, os beijos suaves
Os corpos que se tornaram um.

Fomos umemaranhado de pele, pernas, abraços
Algo sem começo ou fim
Apenas exisitiu!

Naquele Momento Efêmero, sagaz, intenso
Um cheiro preso à pele
Um beijo esquecido no canto superior da boca
Uma ânsia de querer mais
Sem a presssa do Tempo.

Quero degustar o momento, a cada suspiro, como quem respira pela primeira vez!

Cláu

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Poeta de Minh'alma (saudade)


Saudades ! Sim.. talvez... e por que não ?
Se o nosso sonho foi tão alto e forteque bem pensava vê-lo até à mortedeslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer ! Para quê?...
Ah! como é vão !
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que confortedeve-nos ser sagrado como o pão!
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
para mais doidamente me lembrar.
mais doidamente me lembrar de ti !
E quem dera que fosse sempre assim:quando menos quisesse recordarmais a saudade andasse presa a mim !
Florbela Espanca

domingo, 6 de julho de 2008

"Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro"

entender não é nem um pouco fácil....

sexta-feira, 27 de junho de 2008


Ontem fui assistir uma peça muito interessante que fala sobre o modo de viver a vida, do estado de graça, de estar feliz... vendo aquelas tres personagens tão distintas e ao mesmo tempo unidas por um unico sentimento de busca da sensação de liberdade sem culpas, travas ou traumas vi no rosto de muitos dos espectadores uma enrega ao espetaculo que ha tempos não via...parecia que as personagens falavam à alma das pessoas como o ato de se entrar no mar fala aos sentidos... a cada um diferentemente, a cada um com intensidades ora maiores ora menores, mas sempre diferente...
a atuação as vezes crua, porem intensa como nós todos, com sentimentos que por vezes machucam a almaem busca de uma saida de nós mesmos....
"somos para dentro" isso é a mais pura verdade, expressamos fora o q somos dentro ... se doentes dentro, doentes fora.
outra citação me fez refletir bastante: " gosto de ser cruel com os carangueijos, arranco-lhes as patas quando ainda estão vivos... para ver se os olhos me dizem que este sente algo... mas não. carangueijos nao tem expressões... só conseguimos ser realmente crueis com o outro quando não enxergamos a expressão de sofrimento estampada no rosto do outro..."
essa dispensa quaisquer comentarios
agora outra q calou meu intimo e de muita gente naquela sala redonda... aquele teatro de arena...
"vou-me embora pois meus sapatos ja não me servem mais...ou talvez meus pés estejam cansados de se encolherem ..." ao ouvir isso me sentientre duas paredes como se estivessem me comprimindo... tudo que foi dito parece q falou a algum ponto seja do presente, ou do passado... ja senti isso...
termino essa "conversa"contigo "papel"com a primeira frase realmente entendida de ontem...
"sempre tive medo do silêncio.... nele estão contidas todas as coisas"

minhas reflexões de "O que eu gostaria de lhe dizer"

quarta-feira, 25 de junho de 2008

'Mulher no Espelho'

Hoje, que seja esta ou aquela pouco me importa.

Quero apenas parecer bela,pois, seja qual for, estou morta.

Ja fui loura, ja fui morena,

Ja fui Margarida e Beatriz,

Ja fui Maria e Madalena

So nao pude ser como quis.

Que mal faz esta cor fingidado meu cabelo e do meu rosto, se tudo eh tinta:

o mundo, a vida,o contentamento, o desgosto?

Por fora serei como queria,

a moda, que vai me matando.

Que me levem pele e caveira ao nada, nao me importa quando.

Mas quem viu, tao dilacerados,olhos, bracos e sonhos seus,e morreu pelos seus pecados,falara com Deus.

Falara, coberta de luzes,do alto penteado ao rubro artelho.

Porque uns expiram sobre cruzes,outros, buscando-se no espelho.




Cecília Meireles